sábado, 27 de outubro de 2007

AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus por ter me dado a presença de meus saudosos PAIS, causa de minha existência e que me legaram preciosas lições de vida.

Ao Secretário Provincial, Wilson Fernando Pereira da Silva, da Secretaria Provincial Marista Brasil Centro-Norte, pela presteza, atendimento e pela paciência diante de tantas solicitações, de modo especial pela descoberta e envio do registro de matrícula de meu pai, quando Marista, meu cordial e sincero agradecimento.

À Dona Eva Vasconcelos, Curadora do Historial Marista, da Faculdade Marista Recife, pela inestimável colaboração nas pesquisas junto ao arquivo fotográfico do Historial, de modo especial pelo envio da foto de meu pai, como Irmão Marista, sem dúvida de grande valor histórico para o clã da Família Saraiva Landim.

Ao colega de trabalho, Professor Carlos José Mendes Vasconcelos, que prontamente aceitou a incumbência das devidas correções do vernáculo.

A minha avó, Eduviges de Lima Landim, in memoriam, pela lembrança em registrar em sua agenda de anotações pessoais, o ingresso de meu saudoso Pai na Congregação Marista.

À saudosa tia Maria das Dores Landim (Mariinha), que tive a felicidade de conhecê-la em vida, pelo carinho de seu registro em sua agenda de anotações pessoais, quando da primeira visita, como marista, do Irmão Lino Gabriel, meu saudoso Pai, a sua terra natal e à casa de seus pais.

Ao saudoso tio Jairo Pinheiro Landim, pela dica de que meu pai teria sido marista, o que me motivou e me levar às fontes de pesquisas.



Anverso da capa da agenda da tia Maria das Dores Landim



Capa interna da agenda


Página em que se registra a primeira visita de meu Pai, Irmão Lino Gabriel, a sua terra natal e a casa de seus pais.

DATAS & FATOS

1907

11 de julho – Nasce na Fazenda Feijão, povoação de Campos Belos, então distrito de Pacoti-CE, Luiz Edilson Pinheiro Landim.

25 de agosto – Recebeu o batismo na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, então Vila de Pendência, hoje município de Pacoti-CE, pelas mãos do Pe. Emílio, conforme Livro nº 9, fl.69.

25 de dezembro – Consagrou-se à Nossa Senhora do Carmo, na Capela de Nossa Senhora das Dores, na povoação de Campos Belos, então distrito de Pacoti-CE, pelas mãos do Pe. Emílio.

1909

15 de maio – É registrado no Cartório de Registro Civil, na Vila de Pendência, hoje município de Pacoti-CE, como filho legítimo de José Moreira Pinheiro Landim e de Eduviges de Lima Landim. Registrado pelo próprio genitor. Livro nº 2, fls. 41 e verso, sob o nº de ordem 26.

1914

15 de dezembro – Recebeu a Primeira Eucaristia na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pacoti-CE.

1915

19 de setembro – É crismado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pacoti – CE, pelo Frei José.

1918

22 de outubro – Recebeu a Irmandade do Carmo no Sítio São Francisco, localizado no distrito de Pacoti-CE

1924

1º de março – Ingressa aos 16 anos de idade na Congregação Marista como aluno da antiga Casa Provincial dos Maristas, em Apipucos, Recife-PE.

1926

05 de maio – Entra no juvenato, primeira etapa de formação religiosa, em Apipucos, Recife-PE.

1927

13 de janeiro – Toma o hábito e o nome religioso de Lino Gabriel, em Apipucos, Recife-PE.

1928

13 de janeiro – Faz seus primeiros votos, em Apipucos, Recife-PE.

1929

4 de fevereiro – Congrega-se aos Irmãos Maristas do afamado Instituto de Nossa Senhora de Nazareth, em Belém – PA.

1932

16 de dezembro – Faz sua Profissão Perpétua no Instituto de Nossa Senhora de Nazareth, em Belém-PA.

1935

31 de julho – Deixa, como religioso, a Congregação Marista, em Belém-PA.

1929-1935

04 de fevereiro/1929 a 31 de julho/1935 – Exerce o magistério no Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, em Belém-PA.

1937

17 de março – Pede em casamento ao senhor José Bougival Saraiva Leão, a sua filha Tereza Cândida Saraiva Leão Sobrinha, em Canindé – CE.

1º de maio – Contrai matrimônio religioso com Tereza Cândida Saraiva Leão Sobrinha, em solteira, na Capela de Santo Antônio, no Convento dos frades franciscanos, às 5 horas da manhã, em Canindé-CE, sendo o ato religioso presidido por Frei Celestino Knob, OFM.

4 de junho – É oficializado o seu casamento civil perante o Juiz de Direito, Dr. Otávio Facundo Bezerra, também oficial de Registro Civil da Comarca de Canindé-CE, com Tereza Cândida Saraiva Leão Sobrinha, em solteira, passando a assinar por: Tereza Cândida Saraiva Landim. Livro nº 7, fls. 87 a 89.

1938

15 de fevereiro – É nomeado como Escrivão da Coletoria Estadual de Canindé, conforme título de nomeação datado do mesmo mês e ano.

21 de março – Nasce seu primeiro filho, José Bougival Saraiva Landim.

13 de abril – É nomeado preposto de seu sogro, José Bougival Saraiva Leão, à frente da Coletoria Estadual de Canindé-CE, conforme Ofício Nº 481/38, registrado na Secretaria dos Negócios da Fazenda do Estado do Ceará, sob o nº 3.866/38.

1939

29 de abril – Nasce seu segundo filho, Luiz Evandro Saraiva Landim

12 de julho – É designado para responder pelas funções de Escrivão da Coletoria Estadual de Canindé-CE, conforme D.O.E nº 1.736/39.

1940

23 de fevereiro – É dispensado do cargo de preposto da Coletoria Estadual de Canindé-CE, conforme Ofício de Nº 108/40, registrado na Secretaria dos Negócios da Fazenda do Estado do Ceará, sob o nº 2.293/40.

13 de novembro – Nasce seu terceiro filho, Eneida Maria Saraiva Landim.

1943

23 de junho – Nasce seu quarto filho, Maria Helena Saraiva Landim

20 de novembro – Falece sua filha Maria Helena Saraiva Landim

1945

14 de janeiro – Nasce seu quinto filho, Carlos Edilson Saraiva Landim.

09 de março – Nomeado, em caráter efetivo, para o cargo de Escrivão da Coletoria das Rendas Estaduais de Canindé-CE.

1946

15 de julho – Nasce seu sexto filho, Fernando Antônio Saraiva Landim

1952

09 de julho – Nasce seu sétimo filho, Francisco Gilson Saraiva Landim.

1953

25 de setembro – Nasce seu oitavo filho, Maria Zeneida Saraiva Landim

1955

25 de agosto – É nomeado interinamente como Coletor da Coletoria Estadual de Canindé-CE.

1961

08 de dezembro – Casamento religioso de seu primeiro filho, José Bougival Saraiva Landim, com Cléa Lopes Martins, em solteira.

1962

01 de maio - São festejadas suas Bodas de prata em sua residência à Praça da Basílica, nº 13, em Canindé-CE.

09 de agosto - É nomeado interinamente como Coletor da Coletoria Estadual de Canindé-CE.

09 de setembro – Nasce sua primeira neta, Thereza Zilla Martins Landim.

1963

Junho – Engaja como sócio fundador da Associação Cearense dos Jornalistas do Interior (Aceji), uma extensão da Associação Cearense de Imprensa (ACI)

07 de dezembro – Casamento religioso de seu segundo filho, Luiz Evandro Saraiva Landim, com Anistela Barbosa Cruz, em solteira.

1964

24 de janeiro – É nomeado para exercer as funções de Escrivação Supervisor da Coletoria Estadual de Canindé, conforme Portaria Nº 48/64.

04 de maio – É nomeado para as funções de Chefe da Coletoria Estadual de Canindé-CE, conforme Portaria Nº 326/64.

17 de julho – Nasce seu segundo neto, Martha Vânia Martins Landim

1965

10 de janeiro – Casamento de seu terceiro filho, Carlos Edilson Saraiva Landim, com Maria de Fátima Ribeiro Cavalcante, em solteira.

15 de novembro – Nasce seu terceiro neto, Silvana Carla Cavalcante Landim.

1966

1º de outubro – Nasce seu primeiro neto, Charles Edilson Cavalcante Landim.

1967

18 de julho – Vai residir definitivamente em Fortaleza, tendo como sua primeira morada a casa de nº 1348, localizada na Av. Bezerra de Menezes, bairro de São Gerardo.

1968

08 de maio – Nasce seu quinto neto, Sillane Kátia Cavalcante Landim.

1969

05 de maio – Nasce seu sexto neto, Clayton Antônio Cavalcante Landim

27 de agosto – Nasce seu sétimo neto, Maria Lucimar Barbosa Landim


1972

26 de março – Nasce seu oitavo neto, José Bougival Martins Landim Filho

17 de agosto – É aposentado no cago de Inspetor Fazendário I, Nível N, da Secretária da Fazenda do Estado do Ceará, conforme Processo Nº 5.567/66, do DAPEC, publicado no D.O.E sob o nº 11.008/73.

1977

15 de abril – Casamento religioso de seu sétimo filho, Francisco Gilson Saraiva Landim, com Sandra Alice Sussuarana Vieira, em solteira.

1978

16 de março – Nasce seu nono neto, Márcio José Vieira Landim

11 de julho – Casamento civil de seu sexto filho, Fernando Antônio Saraiva Landim, com sua prima legítima, Maria Consuelo Landim.

1979

05 de fevereiro – Nasce seu décimo neto, Fernanda Landim.

14 de julho – Nasce seu décimo primeiro neto, Sirlianne Cavalcante Landim

20 de agosto – Nasce seu décimo segundo neto, Aline Vieira Landim

1984

08 de dezembro – Casamento religioso de sua segunda neta, Martha Vânia Martins Landim, com Lenine Sousa Abreu.

1985

31 de dezembro – Nasce sua primeira bisneta, Raíssa Martins Landim Abreu.

1987

07 de abril – Nasce seu segundo bisneto, Francisco Emmanuel Martins Landim Abreu.

02 de maio – Casamento religioso de sua terceira neta, Silvana Carla Cavalcante Landim, com Linderval de Moura Sousa.

15 de junho – Vítima de uma parada cardíaca, veio a falecer em fortaleza-CE, octogenário, sendo sepultado, no dia seguinte, no Jazigo 31, da Quadra 061, do Setor-E, no Cemitério Parque da Paz.

OS AUSENTES

Luís Evandro


Quando registramos nesse ano a decorrência do Centenário de Nascimento de nosso saudoso pai, Luiz Edílson Pinheiro Landim, lamentamos assinalar que dois de seus estimados filhos não participarão dessa homenagem comemorativa de seu centenário, entre os que aqui se encontram cumprindo a missão terrena, por não fazerem mais parte deste mundo menor: Maria Helena Saraiva Landim, falecida em Canindé-CE, em 20 de novembro de 1943, com cinco meses de idade, e Luiz Evandro Saraiva Landim, falecido em Fortaleza, em 21 de junho de 2006.
Temos certeza de que esses saudosos irmãos, juntamente com os nossos sempre lembrados Pais, participam em espírito das alegrias da família Saraiva Landim e juntos a Deus-Pai, intercederão também por todos nós que fazemos parte deste clã.

Evandro aos 19 anos de idade

sábado, 29 de setembro de 2007

IRMÃO LINO GABRIEL


Filho de José Moreira Pinheiro Landim e de Eduviges de Lima Landim, veio ao mundo em 11 de julho de 1907, na Fazenda Feijão de propriedades de seus avós paternos, Francisco Rodrigues Pinheiro Landim (PAI LANDIM) e de Josepha Dina Dantas Landim (MÃE DINA), localizada na povoação de Campos Belos, então distrito do município de Pacoti-CE.
Passou sua primeira infância nesse ambiente puro, simples e bucólico, recebendo dos pais uma sólida formação cristã.
Em primeiro de março do ano de 1924, aos 16 anos, ingressa como aluno na antiga Casa Provincial dos Maristas, em Apipucos, Recife-PE, onde, em 5 de maio de 1926, entra no juvenato, ou seja, primeira etapa de formação à vida religiosa.
O noviciado e a tomada de hábito se deram em 13 de janeiro de 1927, também em Apipucos, quando tomou o nome religioso de “Lino Gabriel”. Um ano depois, em 13 de janeiro de 1928, ainda em Apipucos, fez seus primeiros votos, deixando esse centro educacional e religioso de referência em janeiro de 1929.
Em 4 de fevereiro de 1929, procedente de Apipucos, Recife-PE, congrega-se aos maristas do afamado Instituto Nossa Senhora de Nazareth, em Belém-PA, quando, em 16 de dezembro de 1932, faz sua Profissão Perpétua.
O Ir. Lino, como religioso, exerceu o magistério no Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, no período de 4 de fevereiro de 1929 a 31 de julho de 1935.
Dedicou-se à causa marista durante 11 anos, infelizmente não tendo firmeza em sua vocação religiosa, deixa a Comunidade Marista em julho de 1935, retornando ao Ceará em meados de 1936 para, a convite de seu primo legítimo e Vigário da Paróquia de Morada Nova-CE, Pe. Aluísio Ferreira Lima, exercer as funções do magistério em um estabelecimento de ensino da rede municipal.
O Irmão Luiz Edílson Pinheiro Landim ou (Irmão Lino Gabriel) veio a falecer em 15 de junho de 1987, em Fortaleza-CE, já octogenário.
Resgatar e lembrar a história do Irmão Lino Gabriel, ou de meu pai Luiz Edílson Pinheiro Landim, é motivo que me leva a construção deste BLOG, cujo espaço é destinado a compartilhar lembranças e emoções que marcaram a vida daquele que, como Irmão Marista, soube honrar, enquanto religioso, aquela Congregação e, como Pai, deixou-nos a encontrar na terra de nossa missão um estímulo para nossa vida interior.

Página 220 do Livro de Registro Geral da Província Marista Brasil Norte - Volume I, onde consta a matrícula do Irmão Lino Gabriel (nome religioso) e, de batizado, Luiz Edilson Pinheiro Landim, sob o número de matrícula 9244. O original desse registro se encontra arquivado na Secretaria Provincial Brasil Centro-Norte, SMPV - Quadra 05 - Conjunto 14 - Lote 05 - Unidade A - PARK Way - 71735-514 - Núcleo Bandeirante - DF.

Alunos e Irmãos Maristas pousando no recinto interno da antiga Casa Provincial Marista, em Apipucos, Recife-PE. Da esquerda para a direita de quem olha a foto, na última fila de pé, o terceiro postado, é o Irmão Lino Gabriel, ou seja, o meu pai Luiz Edilson Pinheiro Landim. Essa foto foi tirada no ano de 1928, como também é a única foto existente dos maristas dessa época. A original dessa foto se encontra arquivada no Historial Marista da Faculdade Marista de Recife, à Rua Jorge Tasso Neto, 318 - Apipucos.

O INSTITUTO N. S. DE NAZARETH e seus votos perpétuos

Após a permanência de cinco anos na antiga Casa Provincial dos Maristas, em Apipucos, Recife-PE, o meu saudoso Pai se transfere para a cidade de Belém, no Pará, para dar continuidade a sua formação religiosa, que se deu no Instituto Nossa Senhora de Nazareth.
Sua chegada a esse Instituto aconteceu em 4 de fevereiro de 1929, permanecendo no mesmo como Irmão Marista até julho de 1935.
Há de se registrar que meu pai antes de se encaminhar para aquele centro de formação Humana e Cristã de referência, esteve em visita em janeiro de 1929 à casa paterna, pois até então, desde a sua ida a congregação marista em Apipucos-Recife-PE, nos idos de 1924, ainda não tinha estado com seus venerados pais.
Esse acontecimento foi minuciosamente relatado por minha saudosa Tia Mariinha, em sua caderneta de anotações pessoais, que ainda hoje a guardo com muito carinho e que ora transcrevo com a grafia como lá se encontra: "Chegou Irmão Lino Gabriel vindo de Pernambuco em visita a família. Passou em minha casa domingo 20, fomos para Mel. Vaz no dia 21 e voltamos no dia 22 em uma terça-feira, neste mesmo dia partiu para Fortaleza, tendo ido no dia 24 para Lagôa Seca em visita aos nossos caros pais.
De volta regressou para o Pará tendo saído de Campo Bello a 1 h e 15 da tarde.
Veio com Irmão Joaquim.
Campo Bello 23 de janeiro de 1929.
Saudades de meu querido irmãosinho"
Meus avós, a essa época, residiam na Fazenda Lagoa Seca, de propriedade do senhor João Barreto Moreira, onde para lá meu avô foi gerenciar, localizada no atual município de Jaguaruana, antigamente denominado de União.
Essa visita de meu pai também foi registrada por sua mãe, minha avó Heduviges de Lima Landim, em sua caderneta de anotações pessoais, que assim se prescreve: "Fez a 1ª visita aos pais no dia 23 de janeiro, voltando no dia 30 às 11h e 30 da noite".
Nesse afamado Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, meu pai professou seus votos perpétuos em 16 de dezembro de 1932. Como Irmão Marista exerceu o magistério nesse colégio entre 4 de fevereiro de 1929 até a sua saída em julho de 1935, lecionando as disciplinas de português e geografia, transformando os seus alunos em bons cristãos e ótimos cidadãos. Como mestre e marista revelou sempre ótimas qualidades morais que o tornaram, sobremodo, estimado por quantos o conheceram, segundo declarações por escrita do diretor provincial à época, Irmão Bernardo Aguiar. Também, nesse Instituto, meu pai veio a diplomar-se em Técnico de Contabilidade.

Grupo de alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazareth. Essa foto foi tirada entre os anos de 1930 a 1934.

Ao centro da foto vemos o Diretor Provincial do Instituto Nossa Senhora de Nazareth, Irmão Bernardo Aguiar, ladeado de "Acolythos"


Alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazaré. Ao centro vemos o Diretor Provincial, Irmão Bernardo Aguiar.


Consta no verso dessa foto a seguinte dedicatória: "Ao meu muito querido padrinho Irmão Lino Gabriel, offereço esta minha photographia como prova de minha sincera amizade.
Deste que muito lhe preza.
4-XII-34. Ramiro Koury".
Não sei se esse jovem seguiu a carreira marista. Supondo-se que ele contasse na época dessa foto com 13 anos de idade, ele hoje estaria com 86 anos.

Alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazareth. Ao centro vemos o Diretor Provincial, Bernardo Aguiar.

Consta no verso dessa foto apenas a seguintes expressão: “Oferecido pelo Ir. Reginaldo”


Momentos de lazer em alguma praia de Belém-PA





O Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré


Em 1902, o Colégio do Carmo, em Belém-PA foi entregue ao clero, sob a direção do Bispo D. Francisco do Rego Maia, que por motivos de força maior deixa o espaço do colégio fechado. Nesse mesmo ano, sabendo do trabalho de educação religiosa dos Irmãos Maristas, entra em contato como Supervisor Geral, Ir. Théophane Durand, com o pedido da vinda os religiosos para assumirem o Colégio do Carmo.
A princípio houve uma recusa por parte do Re. Ir. Théophane, porém, algum tempo depois, em viagem a Roma, o Bispo de Belém e Superior Geral, por intermédio dos cardeais Ferrata e Rampolia encontram-se com a S. Santidade Leão XIII. "(...) o soberano pontífice falou-lhe com interesse do projeto do Bispo de Belém, o aprovou e abençoou. Era uma ordem. Ao sair da audiência, Dom Rego Maia recebia aviso que quatro irmãos partiam logo para o Pará e assim fundariam a Província Marista Brasil Norte." (Um quart de siécle, Apipucos, 1929, p.12.)
Designando a equipe com a expedição, o Irmão Libório nomeia como chefe de grupo o Irmão Luiz que já tinha 25 anos de carreira nos diversos ofícios da Província, que logo aceitou a oferta e jamais retornou a França.
Outros três Irmãos foram incluídos na expedição. O Irmão Ludovico pediu para fazer parte e e dois novos Irmãos, o Irmão Augusto e o Irmão Paulo, que iniciaram o apostolado na Argélia, também foram chamados para completar o grupo.
No dia 18 de março de 1903, os quatro Irmãos assistiram a uma cerimônia de despedida na casa de Aubenas (França). Antes da viagem, passaram no túmulo do Padre Marcelino Champagnat e passaram em Saint-Genis-Laval, casa geral dos Maristas para receber a benção dos Superiores Maiores. Estiveram, também, em Lyon para confiar à Santíssima Virgem a sua Missão.
No dia 23 de março daquele mesmo ano, embarcaram no porto de Havre, no conhecido navio denominado "Jerome" da Booth-Line. Após a longa viagem desembarcaram na cidade de Belém no dia 12 de abril de 1903, num domingo de Páscoa.
Ao chegar ao porto de Belém, os quatro Irmãos foram recebidos pelo Monsenhor Muniz, Vigário Geral e pelo Padre Enéias Lima, Capelão do Colégio do Carmo, já que o então Bispo D. Francisco do Rego Maia, que havia feito o convite para que os Irmãos Maristas assumissem o Colégio do Carmo, ainda estava na Europa.
Ao chegarem ao Colégio do Carmo, os Irmãos ficaram desapontados ao vê-lo completamente abandonado, mesmo passando-se seis meses da última ocupação. Eles tiveram um árduo trabalho de colocar tudo em condições de funcionamento. Por surpresa dos Irmãos, que nem haviam aprendido a língua portuguesa ainda, foi anunciado no Jornal da cidade a abertura do colégio nos primeiros dias de maio daquele mesmo ano. Mesmo assim, puderam receber seus primeiros alunos, sendo o jovem João da Mota Barros, natural de Cametá, o primeiro aluno a ser matriculado.
Em 1913, o diretor e Irmão João Court, muito respeitado pelos Irmãos e apreciado pelos alunos, realiza um projeto de auto teor religioso e social, fundando a Escola "São José" de ensino gratuito que beneficiava os meninos pobres.
Embora o Colégio do Carmo tivesse capacidade de abrigar boa parte dos alunos, os Irmãos não estavam satisfeitos com a sua localização, as famílias reclamavam por um espaço mais central. Foi no intuito de atender a essa reivindicação, que no dia 13 de janeiro de 1914, abriu-se no bairro de Nazaré, na Travessa 14 de Março, mais uma sede intitulada "Instituto Nossa Senhora de Nazareth" sob a direção do Irmão Eloy, auxiliado pelos Irmãos Maristas Henrique e Bernardo Aguiar. Nesse primeiro ano foram 40 os alunos matriculados, constando como os primeiros alunos os Irmãos Eurico e Cláudio Melo.
Em 1915, com o aumento de número de alunos, o Instituto ganhou um novo endereço, localizado na Avenida Nazaré, número 81. Mesmo com a crise da borracha e a conseqüente diminuição do número de alunos, o Instituto Nazareth manteve-se como exemplo pela sua excelente qualidade.
Em 1926, o irmão Antônio Reginaldo foi nomeado diretor do instituto, já em pleno desenvolvimento. E a 15 de agosto do mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental do edifício que se chama atualmente Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré sob a proteção material da Virgem de Nazaré, padroeira da cidade de Belém.
Desde então, muitos Irmãos passaram por aqui deixando um pouco de si para desenvolver este trabalho tão grandioso, que é a construção do ser humano, através de educação nos níveis pessoal, social, político e acima de tudo, como uma escola católica, proclamar a todos a boa nova da Salvação e juntamente com a família ensinar aos seus educandos a viverem conscientemente como filhos de Deus.
O Irmão Antônio Reginaldo, citado acima, o meu pai chegou a conhecê-lo, pois disponho de uma foto desse afamado Instituto ofertado por esse Irmão Marista ao meu pai.

APIPUCOS, o celeiro do saber e da cultura Marista


Localidade, engenho, povoação, arrebalde e atualmente bairro, essa foi a evolução urbana observada nas terras de Apipucos, desde o século XVI até os dias atuais. Distante, cerca de nove quilômetro do centro do Recife, o bairro de Apipucos começou sendo habitado por gente simples, que ocupava uma área constituída por dois arruados. Até o século XVIII, a paisagem era caracterizada por engenho, mas a partir do século XIX surgem sítios e chácaras onde os moradores do centro passavam os meses de verão. Possui 1,2 quilômetros quadrados de área, uma população de mais de 3.000 habitantes e é protegido pela lei municipal 13.975/1979.
Nesse bairro, num ambiente de muita paz, se instala, em 16 de janeiro de 1911, a comunidade dos Irmãos Maristas do Norte do Brasil. Naquele dia, o Irmão Conon, acompanhado do Irmão Ludovico, visitaram uma casa que já lhes tinha chamado a atenção. No dia seguinte, o então Provincial, Irmão Alypius, também visitou a casa, cujo local agradou-lhe e tomou a resolução de adquiri-la. E eis que, em 27 de fevereiro do mesmo ano, a jovem comunidade instala-se na nova residência. Finalmente, no dia 14 de maio de 1914, um sábado, a Província tornou-se proprietária definitiva da casa e de seus 8 hectares de terreno que formavam esse sítio, pelo módico preço de 14 contos, mais as despesas de cartório. A partir daí, os Irmãos tornaram-se pedreiros, serventes e carpinteiros, numa série de construções que, com advento da primeira grande guerra mundial, tiveram que parar no período de 1914 a 1918. Somente nos idos de 1920 é que foi retomada a construção do lado sul, uma ala de 31 x 18 metros, com andar. Depois veio a construção da capela, em 1926, com projeto de ampliação.



Esse é o complexo magnífico da antiga Casa Provincial de Apipucos




A partir de 1950, a casa já apresentava várias outras construções sucessivas, de modo a poder alojar, àquela época, comodamente, umas 200 pessoas, entre juvenato, noviciado e escolasticado.


Esse clássico e moderno prédio de Apipucos, abriga hoje a Faculdade Marista do Recife



E foi em primeiro ou cinco de março do ano de 1924, nesse verdadeiro laboratório marista de Apipucos, transpondo o portão de entrada da antiga Casa Provincial, que as antigas palmeiras imperiais saudaram o caminheiro e convida-o a sentir-se em casa, o meu saudoso Pai. Posso até imaginar o encanto e o seu espanto ao adentrar nesse recanto de paz e orações, carregando no seu âmago as lembranças do seu lar paterno, as recomendações de sua mãe, as saudades das mais lembradas de seus irmãos, tudo isso no imaginário de um jovem que contava apenas 16 anos de idade.
Segundo o diretor-geral do Colégio Marista Cearense, Ir. Ailton dos Santos Arruda, em seu discurso proferido em 20 de janeiro de 2006, durante a cerimônia de inauguração do novo campus da Faculdade Marista Recife, que está instalada na antiga Casa Provincial dos Maristas de Apipucos, ressaltou que da casa primitiva, resta apenas o térreo, que se encontra à esquerda de quem sobe a atual escadaria central e algumas paredes do 1º andar, do mesmo lado.
Destacou, ainda, que levas de candidatos do interior do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, bem como alunos dos Colégios Maristas daqueles Estados, mais o Pará, o Maranhão e a Bahia tiveram, nesse seminário, o início de uma formação sólida e atualizada.
Segundo ele, à época de meu pai, falava-se o francês durante todas as manhãs e, à tarde, primava-se em falar um português correto, incentivado nas sessões literárias, nas peças teatrais, com a orientação de professores abnegados. Em sua capela ressoava o canto Gregoriano do Salve Regina matinal, das missas e vésperas cantadas aos domingos. O som dos harmônios e pianos faziam-se ouvir animado por mãos adolescentes, sedentas de arte e devoção.
E foi nesse educandário de referência do saber e da cultura Marista, que meu saudoso pai, na condição de aluno interno, perseguiu o ideal marista, na sua caminhada com estudos sérios, num ambiente de muita paz e recolhimento, marcado pela oração e pela vida comunitária, seguindo a tradição e os costumes maristas. Mas essa não era a escolha definitiva de meu pai, em abraçar verdadeiramente a vida marista, que no fervor de sua adolescência alimentava seus sonhos em ser um dos continuadores do projeto de São Marcelino Champagnat.
Tudo isso, meu saudoso pai vivenciou e participou do esplendor dessa casa de formação marista, onde por aqueles corredores passaram verdadeiros maristas, dentre os quais, o menor marista que foi meu pai, cujos nomes estão gravados nas lápides do cemitério e no livro da vida. Cada recanto, cada sala, cada espaço daquela casa têm histórias de amor e dedicação para contar.
Nessa casa de formação educacional e religiosa, meu pai ingressou no Juvenato em 05 de maio de 1926, tomando o hábito religioso em 13 de janeiro de 1927, e emitindo os primeiros votos em 13 de janeiro de 1928.
Em janeiro de 1929, transfere-se para o afamado Instituto de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, para completar a sua formação marista. Apipucos com certeza foi a Capital do Coração de meu pai, porque lá se enraizou a sua cultura humana e religiosa.

sábado, 22 de setembro de 2007

A SUA OPÇÃO MARISTA

Nunca meu saudoso Pai me falou sobre a sua pretensão à vida religiosa antes de conhecer minha mãe e a tomá-la como sua esposa. Tomei conhecimento desse fato somente após a sua morte. Nem mesmo tive curiosidade, quando adolescente, de dar uma olhadela, às escondidas, a uma agenda pessoal sua, de cor avermelhada, que sempre a guardava com muito zelo. Não tenho lembranças se minha saudosa Mãe chegou a me participar sobre essa sua inclinação religiosa, apenas guardo vagas recordações de quando ela me falava que meu pai teria feito uma viagem à Belém do Pará, via marítimo, em face de existir em casa uma velha mala em madeira, em formato de uma caixa, com tampa, onde constava na mesma, em sua parte interna, uma estampa oval, em papelão, da figura de Nossa Senhora Imaculada Conceição. Sobre essa mala, tenho lembranças que minha mãe muitas vezes, em tom pilhérico, falava sobre a viagem de meu pai com essa mala pitoresca, mas nunca comentando sobre a sua finalidade.
Passados alguns anos do falecimento de meu pai, inclusive o de minha mãe, estive visitando o tio Jairo, de saudosa memória e, em sua casa, tomei conhecimento que meu pai tinha feito parte da Congregação Marista, inclusive tomado o hábito com o nome religioso de Lino Gabriel. Após essa revelação, enveredei-me em sondar sobre esse fato, indagando às minhas irmãs sobre os documentos que os deixou em vida, já que o mesmo era extremamente zeloso e cuidadoso em guardar todo tipo de documentos que lhe convinha e, para minha surpresa e emoção, me deparei com sua agenda pessoal de cor avermelhada que, quando adolescente, algumas vezes o via a folhear. Com minhas mãos trêmulas vislumbrei página por página, aquela agenda já com suas páginas amareladas e envelhecidas pelo tempo, e lá constavam alguns dados, dentre outros, como: "Saí do Feijão, minha terra, terra em que nasci, a 25 de fevereiro de 1924. Chegada em Apipucos no dia primeiro de março, em um dia de sábado de 1924. A tomada de hábito foi no dia 15 de janeiro de 1927". Verdadeiramente estava correta a afirmativa de meu Tio Jairo. E num amontoado de documentos, também vislumbrava um álbum datado de 1935, onde nele constavam várias fotos de alunos e Irmãos Maristas do Instituto de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém, do Pará. E com uma lupa percorri vagarosamente, cada rosto de alunos e irmãos maristas daquele Instituto, na busca de encontrar a de meu Pai, mas logo o percebi que no meio daquela gente, com certeza, ele não estava. E mais uma prova se estampava diante dos meus olhos, quando observei uma foto com uma dedicatória de um afilhado seu, que era acólito daquele Instituto Marista, que assim se lia com a grafia da época: "Ao meu muito querido padrinho Ir. Lino Gabriel, offereço esta minha photograpfia como prova de minha sincera amizade. Deste que muito lhe preza. 4-XII-34. Ramiro Koury." Interessante que sobre o nome Ir.Lino Gabriel, estava sombreado com outro nome, ou seja, Luiz Landim Pinheiro, uma forma de meu pai disfarçar desse seu nome religioso, que somente com a lupa é que me veio dá a certeza do nome Ir. Lino Gabriel. E mais uma vez o meio tio Jairo acertava.
Meses depois, eu vim dar como verdadeiro o fato de meu pai ter sido um ex-Irmão Marista, que me fascinou e me deu muito orgulho. Essa verdade veio por fim numa anotação registrada, com muito detalhes, em uma agenda de apontamentos datada de 1928, que pertencia à minha saudosa Tia Mariinha, que ainda hoje a guarda com muito carinho, onde nela consta o relato de uma visita que meu pai fez a meus avós em 1929, quando os mesmos moravam na Fazenda Lagoa Seca, de propriedade do senhor João Barreto Moreira, onde para lá meu avô foi gerenciar, localizada no atual município de Jaguaruana, antigamente denominado de União. Essa agenda me foi presenteada muitos anos atrás, logo após a sua morte, por uma de suas filhas, Terezinha Landim, também de saudosa memória, quando à época fazia pesquisa genealógica sobre os meus ancestrais. Nela consta a seguinte anotação, que transcrevo como lá se encontra "Chegou Irmão Lino Gabriel vindo de Pernambuco em visita a família. Passou em minha casa Domingo 20, fomos para Manuel Vaz no dia 21 e voltamos no dia 22, em uma terça-feira, neste mesmo dia partiu para Fortaleza, tendo ido no dia 24 para Lagôa Secca em visita aos nossos caros pais. De volta regressou para o Pará. Tendo saido de Campo Bello a 1h e 15 da tarde. Veio com o Ir. Joaquim.
Campo Bello 23 de janeiro de 1929.
Saudades de meu querido irmãosinho".
Ora, essa informação eu já tinha conhecimento há bastante tempo, mas por negligência de minha parte nunca me veio a mente em sondar alguém da família, a quem se referia essa minha tia sobre esse seu irmão, até por que ela não fazia referência ao nome desse seu irmão. "Agora Inês é Morta".
O certo é que muito cedo despertou em meu Pai o desejo de fazer parte da Congregação Marista, não sei o que teria motivado a esse intento. Apenas sabia que seus pais eram extremamente religiosos, e talvez isso o teria influenciado de alguma forma, ou influência de algum Irmão Marista que tenha visitado aquela região de Campos Belos que, a época, pertencia eclesiasticamente ao município de Pacoti-CE.
Em recente conversa com o generoso Irmão Marista, Antônio Aguiar, radicado na cidade de Maranguape-CE, o mesmo me participou que existiu no início do século XX, um irmão marista de Apipucos, em Recife, Pernambuco, que se embrenhava pelo Nordeste à procura de jovens para ingresso nessa congregação, fruto de inspiração do seu fundador, Marcelino Champagnat, homem cujo pensamento ia além das idéias educacionais do seu tempo, demonstrando ser um excepcional educador da juventude, hoje difundido em 77 países.
Meu pai relata em sua agenda pessoal, que saiu da casa de seus pais para ingressar na Congregação Marista, em Apipucos-PE, em 25 de fevereiro de 1924. Já minha avó, em sua caderneta de anotações, afirma que ele deixou o lar materno às 00h45 da madrugada da terça-feira 26 de fevereiro de 1924, que embarcou no dia 5 de março, em uma quarta-feira. Que tomou o hábito de marista no dia 13 de janeiro de 1927. Que fez a primeira visita aos pais no dia 23 de janeiro, voltando no dia 30 às 23h30.
Com tantas riquezas de detalhe, prefiro ficar com as informações de minha avó paterna, em face de inclusive os dias da semana baterem com as datas mencionadas, bem como a data da tomada de seu hábito, se comprovar com a data registrada no livro de Registro Geral da Província Marista do Brasil Norte, Volume 1, onde constam os dados de meu Pai, quando de sua permanência na Congregação Marista, cuja matrícula lhe foi dada sob o número 9244.
E foi assim que meu pai, com o espírito marista, deixou a casa paterna quando ainda contava apenas com 16 anos de idade, para um mundo totalmente diferente de seu habitat, pois até então ajudava meus saudosos avós, no cultivo agrícola, na propriedade de seus avós "Fazenda Feijão", fincada na povoação de Campos Belos, hoje distrito do município de Caridade-CE.
Não sei quem o conduziu até a cidade de Recife, mas com certeza partiu do então viaduto Moreira da Rocha, em Fortaleza, que servia de viaduto de desembarque, que posteriormente passou a chamar-se Ponte Metálica, onde nela desembarcavam e embarcavam passageiros e cargas no começo do século XX.
Meu pai permaneceu na Congregação Marista até dezembro de 1935, portanto, 11 anos de vida marista. Não sei o que teria levado a desistir de sua vocação marista que estava tão bem consolidada; se algum tipo de revolta ou se algum tipo de sentimento de paixão tenha abalado o seu coração frágil, ou até mesmo, algum tipo de doença que o faria desistir .
Não importa essa sua desilusão, se é que foi. O importante e que ele em vida repassou a seus filhos o legado de uma formação moral e religiosa embasada nos princípios cristãos, mesmo tendo-nos criado numa forma rígida, sempre demonstrou um relacionamento de carinho, lealdade e respeito.

Mala em madeira revestida de tecido pintado na sua parte externa e papel decorado em sua parte interna.

Essa mala data de 1924, ano em que meu Pai deixou a casa paterna aos 16 anos de idade para ingressar na Congregação Marista. Com ela, ele esteve na antiga Casa Provincial dos Maristas, em Apipucos-Recife-PE e, posteriormente, no Instituto de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará. Serviu de transporte e guarda-roupa de seu vestuário do dia-a-dia. Também essa mala serviu de transporte e de guarda-vestidos de minha irmã Eneida, quando de sua pernamência no Colégio Instituto Maria Imaculada, em Pacoti-CE, na condição de aluna interna. Atualmente, com 83 anos de uso, ela ainda é utilizada na residência de minhas irmãs Eneida e Zeneida, à Travessa Comendador Acioly, 70 - altos - em Fortaleza-CE.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

O NOSSO HOMENAGEADO e a sua história

Segundo os dicionários, a expressão centenário aplica-se, entre outras acepções, ao transcurso de cem anos de dado evento, como o ciclo de uma vida, do nascimento à morte, então sobrevinda ao completar-se uma centúria. No caso presente, impõe-se lembrar o centenário de Luiz Edilson Pinheiro Landim (1907-1987), cujo passamento ocorreu aos 80 anos. A essa vida somam-se 20 anos de ausência, completando-se assim o prazo de um século. Estamos celebrando por dever moral e estima afetiva, a visão de 100 anos, não apenas do homem, mas também do seu tempo e lugar.
"O homem foi feito para lembrar e ser lembrado".
Somos inspiração deste aforismo, em que nos louvamos para, também, fazer-nos presentes nesta sublime homenagem em que nós, os Saraivas Landins, fazemos ao caule de nossas origens: Luiz Edilson Pinheiro Landim, que veio ao mundo há 100 anos passados.
Marco importante e decisivo para a preservação da memória desse patriarca, que trouxe à tona pessoas e momentos de uma família, para sentirmos o agradável sabor de tantos frutos já produzidos pela mesma árvore; semente do sangue de outro sangue, semente da vida de outra vida. Noutras palavras, temos raízes e por isso temos esperança calcada nas saudades, a qual repousa no silêncio da eternidade, com seu pó misturado ao chão em que pisamos, e também com a terra em que adubamos aquelas singelas flores das trepadeiras que nascem na cabeceira de sua tumba e emaranham no ar aquele perfume saudoso de cemitério.
Escrevo estas linhas, não à guisa de fazer história, apenas são registros de uma breve descrição da vida de meu pai Luiz Edilson Pinheiro Landim. É como se fosse um passeio ao túnel do passado, e nós desempenhássemos o papel de cicerone e, ao mesmo tempo, de visitante a procurar as ruínas imaginárias que o tempo levou, deixando apenas recordações, que colhemos e que ficam expressas nestas páginas.
Luiz Edilson Pinheiro Landim era o seu nome completo. Nascido aos 11 de julho de 1907, numa quinta-feira, às vinte horas da noite, quando a Igreja Católica Apostólica Romana celebrava a memória de São Pio I, em uma pequenina casa conhecida como "casa da farinha" que ficava defronte à casa-grande da Fazenda Feijão, esta última ainda existente e centenária, às margens tranqüilas e perfumosas do rio Capitão-mor, encravada nos sertões de Campos Belos, então distrito de Pacoti-CE, hoje pertencente ao município de Caridade-CE.
Lá viveram, com muita paz e na simplicidade, meus avós e meu pai, no embalo morno do vento do meio-dia e da brisa suave ao cair das tardes que deixaram um ninho de SAUDADES.
Foi batizado no domingo 25 de agosto de 1907, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Pendência, hoje do município de Pacoti, no Estado do Ceará, em cerimônia ministrada pelo Pe. Emilio Leite Alvares Cabral. O termo deste batismo encontra-se à fl. 69, do Livro nº 9, de Registros de Batizados da Paróquia de Pacoti, destacando-se a seguinte nota em grafia da época: "Aos vinte e cinco de Agosto de mil e novecentos e sete na Matriz o Revdmo. Pe. Emilio baptisou solemnemente o parvulo Luiz fl. de José Moreira Pinheiro Landim e de Eduviges de Lima Landim, nasceu á onze de julho desse mesmo anno. PP. Francisco Alfrêdo Pinheiro e Isabel de Lima Bezerra. E para constar mandei fazer este assento que assigno. Pe Antonio Tabosa Braga."
Neto, pelo lado paterno, de Francisco Rodrigues Pinheiro Landim (Pai Landim), natural da cidade de Solonópole, antigamente denominada de Cachoeira do Riacho do Sangue, e de sua esposa Josepha Dina Dantas Landim (Mãe Dina), natural da Fazenda Riachão da Lagoa Nova, hoje cidade de Capistrano, município do Ceará, e, pelo lado materno, de Temótheo Sabino Ferreira Lima e Petronilla Candida de Lima, ambos naturais de Pacoti, município localizado na região do Maciço de Baturité - Ceará.
Consagrou-se à Nossa Senhora do Carmo na quarta-feira 25 de dezembro do mesmo ano, na Capela de Nossa Senhora das Dores, na povoação de Campos Belos, pelo Pe. Emílio.
Dois anos depois de seu nascimento, o meu avô paterno José Moreira Pinheiro Landim, registrava meu pai no Cartório de Registro Civil de Pacoti-CE, perante o escrivão de registro Luiz Gomes Maciel da Silveira. Vejamos o seu registro:
"Aos quinze dias de maio de mil novecentos e nove, nesta vila de Pacoti, Comarca de Baturité, Estado do Ceará, compareceu em meu cartório o cidadão José Moreira Pinheiro Landim e, perante as testemunhas abaixo assinadas, declarou que no dia onze de julho de mil novecentos e sete, na Fazenda Feijão, da Povoação de Campos Belos, deste município, as vinte horas da noite, na casa de sua residência, sua mulher Eduviges de Lima Landim deu a luz a uma criança do sexo masculino que batizou-se com o nome de Luiz Edilson Pinheiro Landim, que dita criança é seu filho legítimo e de sua mulher, casados nesta Vila, de condições regulares, criadores, naturais deste Município onde são moradores. São avós paternos da criança Francisco Rodrigues Pinheiro Landim e Josepha Dina Dantas Landim e maternos Temótheo Sabino Ferreira Lima e Petronilla Candida de Lima. Do que para constar lavrei este termo que assino como declarante e as testemunhas. Eu, Luiz Gomes Maciel da Silveira, escrivão do registro civil o escrevi. - José Moreira Pinheiro Landim - João Dantas Pinheiro Landim - José Gomes Pimenta."
Fez sua primeira Eucaristia na terça-feira, 15 de dezembro de 1914, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pacoti - CE, onde também veio a se crismar no domingo 19 de setembro de 1915, pelo Frei José.
Sua iniciação nos estudos foi com a mestra Diva Leão, professora pública da então povoação de Campos Belos. Destinado, a princípio, à vocação religiosa, seguiu ainda muito jovem para Recife, onde ingressou, no sábado 1º de março de 1924, como aluno na Casa Provincial dos Irmãos Maristas de Apipucos, em Recife-PE. Em 5 de maio de 1926, entra no juvenato, ou seja, 1ª etapa de formação à vida religiosa, e em 13 de janeiro de 1927, também em Apipucos, tomou o hábito e o nome religioso de Lino Gabriel, e em 13 de janeiro de 1928, emitiu os primeiros votos.
De lá, em janeiro de 1929, segue para o afamado Instituto de Nossa Senhora de Nazareth, em Belém do Pará, vindo a fazer seus votos perpétuos em 16 de dezembro de 1932. Como religioso exerceu o Magistério no Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, entre 4 de fevereiro de 1929 até sua saída em julho de 1935, lecionando as disciplinas Português e Geografia, revelando sempre ótimas qualidades morais que o tornaram, sobremodo, estimado por quantos o conheceram. Também, nesse afamado Instituto, meu pai veio a diplomar-se em Técnico de Contabilidade.
Não tinha, porém, firmeza em sua vocação religiosa, e deixando o Instituto Marista, em julho de 1935, retorna ao Ceará em meados de 1936 para, a convite de seu primo legítimo e vigário da Paróquia de Morada Nova, Pe. Aluísio Ferreira Lima, exercer as funções do magistério em um estabelecimento de ensino da rede municipal daquela cidade.
Corre o ano de 1937 e meu pai já está com 30 anos quando fixa residência na cidade de Canindé-CE, onde, a convite do Reitor do então Colégio Santo Antônio, dirigido pelos frades franciscanos, lecionou algumas disciplinas.
Naquele mesmo ano, veio a se engraçar pela minha mãe Tereza Cândida Saraiva Leão Sobrinha, a luz da nossa vida, natural de Quixeramobim-CE, onde nasceu em 10.10.10, pedindo-a em casamento no dia 17 de março ao seu futuro sogro (meu avô materno) José Bougival Saraiva Leão, o Leão, como lhe chamavam, o qual muito se contentou, pois na condição de viúvo de Thereza Cristina Saraiva Leão, e com uma saúde bastante comprometida, ainda tinha sob a sua tutela essa única filha solteira e, desse modo, não queria deixá-la desamparada. E ali se casaram no sábado primeiro de maio de 1937, às 5:00 horas da manhã na capela de Santo Antônio, no Convento dos frades franciscanos, sendo oficializado o ato religioso por Frei Celestino Knob, OFM, um grande amigo de seu sogro. Compareceram a essa cerimônia religiosa o Juiz de Direito, Dr. Manoel Sancho Campêlo, e sua consorte, Dona Tecla Cordeiro de Magalhães, acompanhados de suas filhas Antonieta Magalhães Campêlo Cruz e da religiosa Geraldina de Magalhães Campêlo (Irmã Germana), deixando de comparecer o meu avô Leão, em face do mesmo já se encontrar paraplégico, impossibilitando, assim, o seu deslocamento. Desta união conjugal nasceram oito filhos, dos quais dois são falecidos: Maria Helena e Luiz Evandro.
O Dr. Campêlo, como familiarmente conhecido, era casado em primeiras núpcias com Dona Amélia Castelo Branco Campêlo, falecida em 21 de janeiro de 1900, filha do Cel. João Pereira Castelo Branco e Dona Maria Oliveira Castelo Branco, residentes em Baturité-CE, sendo o Cel. João Pereira, primo em segundo grau do meu avô materno Bouvigal Leão.
Na sexta-feira 4 de junho do mesmo ano, oficializava o seu casamento civil contraído perante o Juiz de Direito, Dr. Otávio Facundo Bezerra, conforme às fls. 87v a 89 do Livro nº 7 do Registro de Casamento, lavrado pelo Bacharel Otávio Facundo Bezerra, Oficial do Registro Civil da Comarca de Canindé-CE, tendo como testemunhas os senhores Antônio Pires Barrocas e seu primo legítimo Manoel Róseo Landim, passando a minha mãe a assinar por Tereza Cândida Saraiva Landim.
Peço licença ao caro leitor para evocar a figura desse notável Juiz, Dr. Otávio Facundo, que tive a grata satisfação de conhecê-lo, durante a minha infância e parte de minha adolescência na cidade de Canindé-CE, berço de minha existência. Dr. Otávio foi por muito tempo Juiz cônscio de seus deveres e de conduta ilibada, merecendo sempre a confiança do povo de Canindé. Era casado com a poetisa e professora Dona Esther Magalhães Facundo. Ele veio a falecer na década de 60, após um passamento muito doloroso.
Depois de um curto período no exercício do magistério no Convento Santo Antônio de Canindé, o meu Pai foi nomeado Escrivão da Coletoria Estadual de Canindé, conforme título de nomeação datado de 15 de fevereiro de 1938.
Em 12 de julho de 1939, é novamente designado para responder pelas funções de Escrivão daquela Coletoria, conforme D.O.E Nº 1.736, de 31 de agosto de 1939.
Com a vacância do cargo de Coletor Estadual de Canindé-CE, deixado pelo meu avô paterno, José Bougival Saraiva Leão, ocorrido em 6 de julho de 1937, meu Pai foi nomeado como seu preposto, conforme ato de nomeação do senhor Mozart Catunda Gondim, Diretor Geral do Tesouro do Estado da Secretaria de Negócios da Fazenda, mediante o Ofício de Nº 481/38, datado de 13 de abril de 1938, e registrado naquela repartição sob o nº 3866/38, cargo esse que desempenhou até meados de 1940, quando, por ato do Secretário de Negócios da Fazenda, foi dispensado do cargo, conforme Ofício de Nº 108/40, datado de 23 de fevereiro de 1940, e registrado naquela repartição sob o nº 2293/40.
Durante o governo do Dr. Francisco Menezes Pimentel, Interventor Federal do Ceará, mais precisamente a 9 de março de 1945, é nomeado, em caráter efetivo, para exercer o cargo de Escrivão da Coletoria das Rendas Estaduais de Canindé.
No ano de 1950, meu Pai submeteu a um concurso público, para o cargo de Tesoureiro da Secretaria dos Negócios da Fazenda, regulado pela Portaria Nº 47, de 25 de maio de 1950, sendo classificado em segundo lugar, por haver logrado nota de aprovação, média de 82 pontos, conforme resultado publicado no Diário Oficial do Estado Nº 4.946, datado de 23 de setembro de 1950, mas que lamentavelmente, para sua absoluta surpresa, não assumiu esse cargo, em face de outro cidadão de iniciais A.B.C., assumir a sua vaga, sem se quer ter participado daquele certame, pelo que ficara prejudicado os seus direitos e a seriedade do referido concurso. MARACUTAIA. (D.O.E. de 11/06/1951).
Novamente, a 25 de agosto de 1955 e a 9 de agosto de 1962, é designado, em caráter interino, para responder pelo expediente daquela Coletoria. Foi nomeado ainda, em 24 de janeiro de 1964, conforme Portaria nº 48/64, expedida pelo então Secretário da Fazenda, para exercer as funções de escrivão supervisor daquela Exatoria.
Finalmente, a 4 de maio de 1964, pela Portaria nº 326/64, é escolhido para exercer as funções de chefe da Coletoria Estadual de Canindé.
Após 30 anos de serviços prestados a esse município, transfere residência com sua família para a capital cearense, onde veio a se aposentar, a 17 de agosto de 1972, no cargo de Inspetor Fazendário I, Nível N, da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, por ato do governador Dr. César Cals de Oliveira Filho, conforme Ato publicado no D.O.E Nº 11.008, de 02 de fevereiro de 1973, Processo nº 5.567/66 do DAPEC.
Meu Pai também foi um dos sócios fundadores da Associação Cearense dos Jornalistas do Interior (Aceji), uma extensão da Associação Cearense de Imprensa (ACI), quando foi fundada em junho de 1963, por ocasião do II Congresso dos Jornalistas do Interior, realizado na cidade de Canindé, tendo como seu primeiro Presidente o jornalista e Promotor de Justiça aposentado José Gusmão Bastos.
Meu Pai não era um homem vulgar. Se não teve grandes estudos, se não frequentou os bancos de uma universidade, teve, para suprir essa falta (se foi, realmente, falta), a riqueza de seu talento, a pluralidade das suas leituras, bem escolhidas e bem assimiladas, a sua visão larga e profunda do meio em que viveu, da sociedade com que tratou, dos amigos que soube escolher, entre os que se destacavam, não pela riqueza ou pela ostentação, mas pela nobreza e pela dignidade de caráter.
Quer como profissional Técnico de Contabilidade, quer no desempenho do magistério, sempre se comportou, nas funções públicas e particulares que desempenhou, de forma a merecer a admiração de quantos tomaram conhecimento de sua ação, por sua honestidade, por sua competência, pelos critérios rígidos de equilíbrio e sensatez, que todos lhe reconheciam.
Alguma coisa, no entanto, forte e perene, tinha em comum: a mesma paixão e provado devotamento pelo sertão, dedicando-se inteiramente aos labores agrícolas em sua propriedade, Fazenda Feijão, santuário de recordações de seus antepassados, herdada em parte por herança de seus pais. Eu mesmo, quando morava na cidade de Canindé, durante a minha pré-adolescência, muitas vezes acompanhava meu pai na garupa de sua motocicleta Monark, modelo 1954, a esta secular propriedade, sempre aos domingos ao raiar do dia, quando lá me deliciava com cuscuz preparado em cuscuzeira de barro e bolinhos de milho assados na grelha do fogão a lenha, iguaria última que minha Tia Mundinha apelidava de chapéu de couro.
Essa cunhada de meu Pai, minha querida e inesquecível Tia Mundinha Landim, esposa de meu Tio paterno Francisco Eduardo Pinheiro Landim, eram proprietários da Casa Grande da Fazenda, também herdada por herança, e posteriormente vendida ao meu irmão Fernando Antônio Saraiva Landim. O tio Eduardo era o meu santo protetor de minhas traquinices, quando de minhas férias em seu lar. Hoje, ambos já falecidos. Tudo isso já vai tão longe e de repente fica tão próximo, tão presente está na minha memória.
Meu saudoso Pai veio a falecer numa segunda-feira do dia 15 de junho de 1987, em Fortaleza, sendo sepultado, no dia seguinte, no Jazigo 31, da Quadra 061, do Setor-E no Cemitério Parque da Paz, logo após a missa de corpo presente concelebrada pelos seus primos legítimos,
Monsenhor Francisco Abelardo Ferreira Lima e Padre José Haroldo Bezerra Coelho, com a presença de grande número de membros de nossa família e amigos. A Missa de sétimo dia foi concelebrada na Paróquia de São Gerardo de Majella, pelo seu primo legítimo, Monsenhor Francisco Abelardo Ferreira Lima, já falecido, e de saudosa memória, de cuja Paróquia era vigário, e pelo nosso primo materno, Padre Hugo Eduardo Furtado, SJ.
Nosso Pai primava pelo bom senso nos seus discernimentos. Nunca foi além do que os seus parcos recursos financeiros permitiam. Tinha verdadeira fobia em contrair dívidas e se afligia quando um filho mostrava-se um pouco ousado nos seus empreendimentos.
Criou-nos a todos com carinho, simplicidade e bom exemplo, mesclados de austeridade e respeito recíproco. Um simples olhar seu era suficiente para nos advertir de algo que estivéssemos fazendo e que não fosse de seu agrado. Sempre foi muito cuidadoso com os filhos e fazia questão de saber com quem e por onde andávamos. Nunca fomos além das vinte e duas horas nas festas em tempos de adolescente, porque ele não admitia que desrespeitássemos o horário.
Era católico convicto, seguindo os ditames da religião sem vacilar e fazia parte da Irmande do Carmo. Fazia questão, sempre no mês de maio de cada ano, antes de irmos dormir, praticar a recitação do terço em família, em louvor à Virgem Maria.
"A benção, papai", era a saudação natural que lhe fazíamos, mesmo já casados e lhe dados netos. Ele nos guia pelos exemplos indeléveis que nos legou em vida, os quais a poeira do tempo jamais apagará. Junto a Deus-Pai, ao lado de sua esposa e de seus filhos, Maria Helena e Luiz Evandro, ele acolhe espiritualmente a homenagem sincera de seus filhos, noras, netos e bisnetos em sua memória.


Francisco Gilson Saraiva Landim (Zezinho)
Sobral - Ceará - Ano de 2007

SEUS ASCENDENTES

José Moreira Pinheiro Landim (29.09.1879-01.10.1948) e Eduviges de Lima Landim (31.08.1879-31.05.1957), pais de Edilson Landim.


Francisco Rodrigues Pinheiro Landim - Pai Landim (17.01.1852-03.02.1923) e Josepha Dina Dantas Landim - Mãe Dina (01.06.1855-11.12.1938), avós paterno de Edilson Landim.

Maria Claudina Dantas de Lima (Mãezinha), falecida em 12.08.1918 c.c José Moreira Ferreira Lima, bisavó materna de Edilson Landim.

João Rodrigues Pinheiro Landim, era natural da cidade de Solonópole-CE, antigamente denominada Cachoeira do Riacho do Sangue, casado em primeiras núpcias com sua prima legítima Maria Cândida de Jesus Pinheiro ou Maria Cândida Rosa de Jesus Pinheiro, bisavô paterno de Edilson Landim.


Fotos do arquivo do autor

SEUS IRMÃOS

Da união conjugal de José Moreira Pinheiro Landim com Eduviges de Lima Landim, houve os seguintes filhos:

Maria das Dores Landim (Mariinha) - Falecida

José Osias Pinheiro Landim - falecido


(SEM FOTO)


Marial Alda de Lima Landim - falecida criança


Albertina de Lima Landim - falecida
Timotheo Pinheiro Landim - falecido
Maria Petronilla Landim Barbosa (Sinhá) - falacida


Francisco Eduardo Pinheiro Landim - falecido

Jairo Pinheiro Landim - falecido

Adonias Pinheiro Landim - falecido
Maria Ailce Landim - falecida
Maria Virgínia de Lima Landim - falecida
Maria Núbia de Lima Landim - falecida

A FAZENDA FEIJÃO - CAMPOS BELOS-CE






Vista da fazenda do Alto do Domingão - foto tirada em 14 de março de 1926




Há mais de 100 anos, de geração em geração, vem passando essa gleba de terra à família de meu bisavô paterno, Francisco Rodrigues Pinheiro Landim, (PAI LANDIM).
A referida fazenda pertencia ao casal Francisco Serafim de Assis e sua mulher Dona Antônia Cândida de Assis, e foi adquirida pelo meu bisavô no dia oito de outubro de 1890. Está encravada nos sertões do Distrito de Inhuporanga (ex Campos Belos), do município de Caridade-CE.
Hoje, pertence a maior parte dessa gleba aos herdeiros de meu Pai e a outra parte ao sucessor de meu avô paterno, o meu tio Adonias Pinheiro Landim, irmão de meu pai.
Foi nessa velha Fazenda que na noite do dia 11 de julho de 1907, numa casa de farinha, nascia o meu saudoso Pai, às margens tranqüilas e perfumosas do Rio Capitão-mor, onde lá viveram, com muita paz e simplicidade, os meus bisavós, avós e tios paternos, no embalo morno do vento do meio dia e da brisa suave ao cair das tardes, que deixaram um ninho de saudades.
A Casa de Farinha ficava localizada em frente ao casarão da Fazenda, apenas separada pela estrada carroçável que corta essa gleba que liga o Distrito de Inhuporanga (Campos Belos) ao município de Pentecoste. Na foto acima, se vê a identificação do casarão com o nº 1, o nº 2, o outro casarão construído pelo meu avô paterno, José Moreira, no ano de 1910, e o nº 3, a Casa de Farinha, onde morou o senhor Chicute (morador).





Casarão secular da Fazenda Feijão, foto tirada em 19 de junho de 1961



A Casa Grande da Fazenda Feijão era a morada principal de meus bisavós paternos, Francisco Rodrigues Pinheiro Landim e Josepha Dina Dantas Landim, que no período da estação das chuvas, vinham com seus filhos do seu Sítio Cebola, na Serra do Pacoti, para invernar em sua fazenda.
Com o falecimento de sua filha, Estephania Landim, ocorrido em 25 de novembro de 1906, falecida com apenas 20 anos, o meu bisavô ficou profundamente abalado, e com isso preferiu ficar o resto dos seus dias morando nessa fazenda.
Também a Casa Grande serviu de morada para um de seus filhos, o meu Tio avô Luiz Pinheiro Landim que era casado com sua sobrinha, irmã de meu pai, tia Maria das Dores Pinheiro Landim (Mariinha, para os Íntimos).
Nesse casarão secular, ainda morou os meus Tios paternos, Francisco Eduardo Pinheiro Landim e sua mulher Raimunda Pereira de Souza Landim (Mundinha), e Maria Petronilla Landim Barbosa (Sinhá) e seu esposo José Airton Barbosa.
Em maio de 1982, já pertencendo ao meu irmão Fernando, o mesmo procedeu a uma profunda reforma na casa, substituindo as colunas da varanda que eram de aroeiras, para pilares de tijolo, acrescentando mais quartos em seu interior e demolindo o local da tacaniça para acrescentar mais compartimentos.
Nesse casarão, eu vivi, dias de marcantes alegrias, semeadas com saudades, formando, assim, um diadema de lembranças eternas, tela onde se acha pintada com tintas fortes e mãos hábeis as figuras para mim intocáveis, dos meus Tios paternos, Eduardo e Mundinha, na beleza de suas vidas simples, no amor pela família, no cuidado demasiado pelos seus sobrinhos que eles tiveram a felicidade de conhecê-los e amá-los. Eu sorvi deste amor. Eu bebi o néctar embriagante das suas benquerenças. Eu testemunhei embalado pelo perfume do mata-pasto a personalidade sublime desse casal, nas minhas vivências em seu lar na Fazenda Feijão.
A Fazenda Feijão é um pedaço da minha alma. Relicário das minhas recordações, as mais lembradas.Saudades armazenadas no sacrário imaculado de uma lágrima sentida.



Vista da Casa Grande após a reforma em maio de 1982. Foto tirada em 17 de julho de 1982. No segundo plano da foto, da direita para a esquerda de quem observa estão: Gilson e seu filho Márcio montados a cavalo e, também, Gilson, seu filho Márcio e seu sobrinho Bougival Filho sobre o paredão do bueiro que corta a estrada.



Foto tirada em julho de 1984. No primeiro plano da foto vemos a casa que pertenceu ao meu Tio avô paterno Rubens Pinheiro Landim, posteriormente ao meu irmão Luís Evandro Saraiva Landim e, atualmente, ao autor destas linhas. No segundo plano da foto vemos, da esquerda para a direita, a casa de meu Pai que hoje pertence ao autor destas linhas e o açude grande.




Foto tirada em julho de 1982. Essa casa foi construída pelo meu avô paterno, José Moreira Pinheiro Landim, em 1910. Nela, ele morou por muito tempo. Também foi nessa casa que meu Pai passou a sua infância e parte de sua adolescência. Hoje é herança de meu tio Adonias Pinheiro Landim. Na foto vemos, em primeiro plano, o meu filho Márcio José com idade de 4 (quatro) anos e, no segundo plano, de costas, a minha esposa Sandra e logo adiante, de chapéu, o meu pai Edilson.


Extrato das Escrituras de Compra e Venda da Fazenda Feijão



Comprador: Francisco Rodrigues Pinheiro Landim
Vendedor: Francisco Serafim de Assis e sua mulher Da. Antonia Cândida de Assis.
Título: Escritura Pública de compra e venda
Valor: Quinhentos mil réis 500$000
Data da venda: oito de outubro de 1890.
Histórico: Terra e benfeitorias que possuem no lugar denominado Feijão, na Freguesia de Pentecoste, Comarca de Canindé.
Vendedor: Francisco Serafim de Assis, fazendeiro e morador no Sitio Mulunguzinho, distrito e freguesia da Vila de Pacoti, Comarca de Baturité, na casa de residência do mesmo, foi feita escritura pelo Escrivão de Paz Francisco Xavier da Costa Nunes, da venda da Fazenda Feijão a Francisco Rodrigues Pinheiro Landim, fazendeiro e residente no Sítio Cebola desta freguesia, pela quantia de quinhentos mil réis nos seguintes termos: Francisco Serafim de Assis possuidor de terras e benfeitorias no lugar denominado Feijão, na Freguesia de Pentecoste, Comarca de Canindé, havidas por compra de diversas pessoas, por esta forma: setenta braças de terras de Joaquim Pereira da Graça e sua mulher; duzentas braças a Domingos da Costa e sua mulher; e mais uma parte de terras de João Francisco Gomes e sua mulher; ficando essas três partes reduzidas a uma só posse de terras, a extremar do lado de cima subindo pelo riacho feijão, de um e outro lado, com Elias; e pelo lado de baixo descendo pelo mesmo riacho, de um lado com Francisco Sabino e do outro com Antônio Monteiro Gondim, tendo ditas terras meia légua de cada lado do riacho – e assim extremadas e possuídas, as mencionadas terras vendem como de fato vendida bem de hoje para sempre com todas as benfeitorias nelas existentes como sejam, terras de criar, casas, cercados, açudes e todos os mais acessórios que nela existir, ao comprador Francisco Rodrigues Pinheiro Landim pela quantia de quinhentos mil réis.
Testemunhas: Antônio Dantas Pinheiro e José Mizael Dantas de Lima que assinam com os vendedores e compradores.
Vila do Pacoti, 09 de outubro de 1890.
Francisco Xavier da Costa Nunes – Escrivão de Paz
Livro 6, fls. 69 e 70.


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Fazenda Velha do Feijão, ribeira do Rio Canindé, e desta terra vendem duzentas braças pelo preço e quantia de cinqüenta mil réis 50$000 que recebemos do Sr. Francisco Serafim de Assis, que poderá apossar-se desde já destas duzentas braças de terra como suas ficarão sendo de hoje para sempre e para ele passaremos a presente que nós assinamos com as testemunhas abaixo assinadas.
Rio Formoso, 06 de fevereiro de 1852
Domingos da Costa Silva
Testemunha: José Roberto Gomes




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Comprador: Joaquim Pereira da Graça
Forma: setenta braças de terras sitas no feijão
Valor: cento e cinqüenta mil réis 150$000
Rio Formoso, 13 de agosto de 1859
Vendedor: Domingos da Costa Silva


Testemunhas: Guilherme José Correia e Domingos da Costa Brasil.




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Comprador: Francisco Serafim de Assis
Forma: setenta braças de terras no Riacho Feijão
Valor: cento e noventa e cinco mil réis 195$000
Boa Esperança, 12 de janeiro de 1866
Vendedor: Joaquim Pereira da GraçaTestemunhas: Manuel Luiz de Vasconcelos e Claudiano Salvino Leal.




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Comprador: Francisco Serafim de Assis
Forma: Uma parte de terras no lugar Feijão
Valor: duzentos mil réis 200$000
Vendedor: João Francisco Gomes, morador na Vila de Canindé.
Em 07 de dezembro de 1863.




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IGREJA MATRIZ DE PACOTI - CE


As primeiras manifestações de apoio eclesial, além da construção da primitiva capela, têm como precedente a criação da freguesia, em 15 de dezembro de 1885, da qual consta como padroeira Nossa Senhora da Conceição. Os atos inaugurais, canonicamente autorizados, datam de 29 de maio de 1886. Consta como seu primeiro pároco, o padre Constantino Gomes de Matos, nomeado por Ato Provincial de 1º de junho de 1886 e empossado a 13 do mesmo mês e ano.
Construída em 1880, é uma das mais antigas edificações do município. A arquitetura possuía características coloniais, antes de ter sofrido algumas reformas, durante a gestão do Padre Erfo.
Foi nesse templo vistoso que meu Pai, Luiz Edilson Pinheiro Landim, recebeu o batismo das mãos do Pe. Emílio, no domingo 25 de agosto de 1907. Também nesse local fez a sua Primeira Eucaristia na terça-feira 15 de dezembro de 1914, e recebeu sua crisma no domingo 19 de setembro de 1915, das mãos do Frei José.


Altar-mor

CAPELA DE CAMPOS BELOS - CE


Capela de Nossa Senhora das Dores do Distrito de Campos Belos, ligada à Paróquia de Santo Antônio do município de Caridade - CE. Nesse Templo cristão meu Pai foi consagrado à Nossa Senhora das Dores, numa quarta-feira do dia 25 de dezembro de 1907, pelo Padre Emilio Leite Alvares Cabral. Também nesse templo, meu pai, em sua adolescência, participou de algumas celebrações da Santa Missa. Essa foto foi tirada em setembro de 1946, durante os festejos da padroeira.




Capela de Nossa Senhora das Dores, construida em 1901, na povoação de Campos Belos, designação
antiga do Distrito de Inhuporanga do município de Caridade-CE.
Diante do Cruzeiro, ajoelhado no chão batido, vemos o nosso primo Monsenhor Francisco Abelardo Ferreira Lima, já falecido, de saudosa memória.


Na década de 90, a Capela de Nossa Senhora das Dores passou por uma reforma, tanto em seu altar-mor, como a afixação de grades de ferro ao redor do adro principal.



Vista do altar-mor da Capela de Nossa Senhora das Dores, após sua reforma.


Em julho de 2007 o seu altar-mor passa por uma nova reforma






Andor de Nossa Senhora das Dores, momento da procissão em sua memória, ocorrida no sábado 8 de setembro de 2007, por ocasião da Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Campos Belos.




Bonita ornamentação do andor de Nossa Senhora das Dores, que no período de 6 a 15 de setembro de 2007, caminhou por algumas ruas de Campos Belos, onde é padroeira desse distrito.

Recente reforma (agosto/2008) do altar-mor da Capela e pintura interna. Essa foto foi tirada no sábado 06 de setembro de 2008, por ocasião do primeiro dia do novenário de Nossa Senhora das Dores.