Após a permanência de cinco anos na antiga Casa Provincial dos Maristas, em Apipucos, Recife-PE, o meu saudoso Pai se transfere para a cidade de Belém, no Pará, para dar continuidade a sua formação religiosa, que se deu no Instituto Nossa Senhora de Nazareth.
Sua chegada a esse Instituto aconteceu em 4 de fevereiro de 1929, permanecendo no mesmo como Irmão Marista até julho de 1935.
Há de se registrar que meu pai antes de se encaminhar para aquele centro de formação Humana e Cristã de referência, esteve em visita em janeiro de 1929 à casa paterna, pois até então, desde a sua ida a congregação marista em Apipucos-Recife-PE, nos idos de 1924, ainda não tinha estado com seus venerados pais.
Esse acontecimento foi minuciosamente relatado por minha saudosa Tia Mariinha, em sua caderneta de anotações pessoais, que ainda hoje a guardo com muito carinho e que ora transcrevo com a grafia como lá se encontra: "Chegou Irmão Lino Gabriel vindo de Pernambuco em visita a família. Passou em minha casa domingo 20, fomos para Mel. Vaz no dia 21 e voltamos no dia 22 em uma terça-feira, neste mesmo dia partiu para Fortaleza, tendo ido no dia 24 para Lagôa Seca em visita aos nossos caros pais.
De volta regressou para o Pará tendo saído de Campo Bello a 1 h e 15 da tarde.
Veio com Irmão Joaquim.
Campo Bello 23 de janeiro de 1929.
Saudades de meu querido irmãosinho"
Meus avós, a essa época, residiam na Fazenda Lagoa Seca, de propriedade do senhor João Barreto Moreira, onde para lá meu avô foi gerenciar, localizada no atual município de Jaguaruana, antigamente denominado de União.
Essa visita de meu pai também foi registrada por sua mãe, minha avó Heduviges de Lima Landim, em sua caderneta de anotações pessoais, que assim se prescreve: "Fez a 1ª visita aos pais no dia 23 de janeiro, voltando no dia 30 às 11h e 30 da noite".
Nesse afamado Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, meu pai professou seus votos perpétuos em 16 de dezembro de 1932. Como Irmão Marista exerceu o magistério nesse colégio entre 4 de fevereiro de 1929 até a sua saída em julho de 1935, lecionando as disciplinas de português e geografia, transformando os seus alunos em bons cristãos e ótimos cidadãos. Como mestre e marista revelou sempre ótimas qualidades morais que o tornaram, sobremodo, estimado por quantos o conheceram, segundo declarações por escrita do diretor provincial à época, Irmão Bernardo Aguiar. Também, nesse Instituto, meu pai veio a diplomar-se em Técnico de Contabilidade.

Grupo de alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazareth. Essa foto foi tirada entre os anos de 1930 a 1934.

Alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazaré. Ao centro vemos o Diretor Provincial, Irmão Bernardo Aguiar.

Deste que muito lhe preza.
4-XII-34. Ramiro Koury".
Não sei se esse jovem seguiu a carreira marista. Supondo-se que ele contasse na época dessa foto com 13 anos de idade, ele hoje estaria com 86 anos.

Alunos e Irmãos Maristas do Instituto Nossa Senhora de Nazareth. Ao centro vemos o Diretor Provincial, Bernardo Aguiar.

Consta no verso dessa foto apenas a seguintes expressão: “Oferecido pelo Ir. Reginaldo”

Momentos de lazer em alguma praia de Belém-PA
O Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré
A princípio houve uma recusa por parte do Re. Ir. Théophane, porém, algum tempo depois, em viagem a Roma, o Bispo de Belém e Superior Geral, por intermédio dos cardeais Ferrata e Rampolia encontram-se com a S. Santidade Leão XIII. "(...) o soberano pontífice falou-lhe com interesse do projeto do Bispo de Belém, o aprovou e abençoou. Era uma ordem. Ao sair da audiência, Dom Rego Maia recebia aviso que quatro irmãos partiam logo para o Pará e assim fundariam a Província Marista Brasil Norte." (Um quart de siécle, Apipucos, 1929, p.12.)
Designando a equipe com a expedição, o Irmão Libório nomeia como chefe de grupo o Irmão Luiz que já tinha 25 anos de carreira nos diversos ofícios da Província, que logo aceitou a oferta e jamais retornou a França.
Outros três Irmãos foram incluídos na expedição. O Irmão Ludovico pediu para fazer parte e e dois novos Irmãos, o Irmão Augusto e o Irmão Paulo, que iniciaram o apostolado na Argélia, também foram chamados para completar o grupo.
No dia 18 de março de 1903, os quatro Irmãos assistiram a uma cerimônia de despedida na casa de Aubenas (França). Antes da viagem, passaram no túmulo do Padre Marcelino Champagnat e passaram em Saint-Genis-Laval, casa geral dos Maristas para receber a benção dos Superiores Maiores. Estiveram, também, em Lyon para confiar à Santíssima Virgem a sua Missão.
No dia 23 de março daquele mesmo ano, embarcaram no porto de Havre, no conhecido navio denominado "Jerome" da Booth-Line. Após a longa viagem desembarcaram na cidade de Belém no dia 12 de abril de 1903, num domingo de Páscoa.
Ao chegar ao porto de Belém, os quatro Irmãos foram recebidos pelo Monsenhor Muniz, Vigário Geral e pelo Padre Enéias Lima, Capelão do Colégio do Carmo, já que o então Bispo D. Francisco do Rego Maia, que havia feito o convite para que os Irmãos Maristas assumissem o Colégio do Carmo, ainda estava na Europa.
Ao chegarem ao Colégio do Carmo, os Irmãos ficaram desapontados ao vê-lo completamente abandonado, mesmo passando-se seis meses da última ocupação. Eles tiveram um árduo trabalho de colocar tudo em condições de funcionamento. Por surpresa dos Irmãos, que nem haviam aprendido a língua portuguesa ainda, foi anunciado no Jornal da cidade a abertura do colégio nos primeiros dias de maio daquele mesmo ano. Mesmo assim, puderam receber seus primeiros alunos, sendo o jovem João da Mota Barros, natural de Cametá, o primeiro aluno a ser matriculado.
Em 1913, o diretor e Irmão João Court, muito respeitado pelos Irmãos e apreciado pelos alunos, realiza um projeto de auto teor religioso e social, fundando a Escola "São José" de ensino gratuito que beneficiava os meninos pobres.
Embora o Colégio do Carmo tivesse capacidade de abrigar boa parte dos alunos, os Irmãos não estavam satisfeitos com a sua localização, as famílias reclamavam por um espaço mais central. Foi no intuito de atender a essa reivindicação, que no dia 13 de janeiro de 1914, abriu-se no bairro de Nazaré, na Travessa 14 de Março, mais uma sede intitulada "Instituto Nossa Senhora de Nazareth" sob a direção do Irmão Eloy, auxiliado pelos Irmãos Maristas Henrique e Bernardo Aguiar. Nesse primeiro ano foram 40 os alunos matriculados, constando como os primeiros alunos os Irmãos Eurico e Cláudio Melo.
Em 1915, com o aumento de número de alunos, o Instituto ganhou um novo endereço, localizado na Avenida Nazaré, número 81. Mesmo com a crise da borracha e a conseqüente diminuição do número de alunos, o Instituto Nazareth manteve-se como exemplo pela sua excelente qualidade.
Em 1926, o irmão Antônio Reginaldo foi nomeado diretor do instituto, já em pleno desenvolvimento. E a 15 de agosto do mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental do edifício que se chama atualmente Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré sob a proteção material da Virgem de Nazaré, padroeira da cidade de Belém.
Desde então, muitos Irmãos passaram por aqui deixando um pouco de si para desenvolver este trabalho tão grandioso, que é a construção do ser humano, através de educação nos níveis pessoal, social, político e acima de tudo, como uma escola católica, proclamar a todos a boa nova da Salvação e juntamente com a família ensinar aos seus educandos a viverem conscientemente como filhos de Deus.
O Irmão Antônio Reginaldo, citado acima, o meu pai chegou a conhecê-lo, pois disponho de uma foto desse afamado Instituto ofertado por esse Irmão Marista ao meu pai.
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