quarta-feira, 11 de julho de 2007

A FAZENDA FEIJÃO - CAMPOS BELOS-CE






Vista da fazenda do Alto do Domingão - foto tirada em 14 de março de 1926




Há mais de 100 anos, de geração em geração, vem passando essa gleba de terra à família de meu bisavô paterno, Francisco Rodrigues Pinheiro Landim, (PAI LANDIM).
A referida fazenda pertencia ao casal Francisco Serafim de Assis e sua mulher Dona Antônia Cândida de Assis, e foi adquirida pelo meu bisavô no dia oito de outubro de 1890. Está encravada nos sertões do Distrito de Inhuporanga (ex Campos Belos), do município de Caridade-CE.
Hoje, pertence a maior parte dessa gleba aos herdeiros de meu Pai e a outra parte ao sucessor de meu avô paterno, o meu tio Adonias Pinheiro Landim, irmão de meu pai.
Foi nessa velha Fazenda que na noite do dia 11 de julho de 1907, numa casa de farinha, nascia o meu saudoso Pai, às margens tranqüilas e perfumosas do Rio Capitão-mor, onde lá viveram, com muita paz e simplicidade, os meus bisavós, avós e tios paternos, no embalo morno do vento do meio dia e da brisa suave ao cair das tardes, que deixaram um ninho de saudades.
A Casa de Farinha ficava localizada em frente ao casarão da Fazenda, apenas separada pela estrada carroçável que corta essa gleba que liga o Distrito de Inhuporanga (Campos Belos) ao município de Pentecoste. Na foto acima, se vê a identificação do casarão com o nº 1, o nº 2, o outro casarão construído pelo meu avô paterno, José Moreira, no ano de 1910, e o nº 3, a Casa de Farinha, onde morou o senhor Chicute (morador).





Casarão secular da Fazenda Feijão, foto tirada em 19 de junho de 1961



A Casa Grande da Fazenda Feijão era a morada principal de meus bisavós paternos, Francisco Rodrigues Pinheiro Landim e Josepha Dina Dantas Landim, que no período da estação das chuvas, vinham com seus filhos do seu Sítio Cebola, na Serra do Pacoti, para invernar em sua fazenda.
Com o falecimento de sua filha, Estephania Landim, ocorrido em 25 de novembro de 1906, falecida com apenas 20 anos, o meu bisavô ficou profundamente abalado, e com isso preferiu ficar o resto dos seus dias morando nessa fazenda.
Também a Casa Grande serviu de morada para um de seus filhos, o meu Tio avô Luiz Pinheiro Landim que era casado com sua sobrinha, irmã de meu pai, tia Maria das Dores Pinheiro Landim (Mariinha, para os Íntimos).
Nesse casarão secular, ainda morou os meus Tios paternos, Francisco Eduardo Pinheiro Landim e sua mulher Raimunda Pereira de Souza Landim (Mundinha), e Maria Petronilla Landim Barbosa (Sinhá) e seu esposo José Airton Barbosa.
Em maio de 1982, já pertencendo ao meu irmão Fernando, o mesmo procedeu a uma profunda reforma na casa, substituindo as colunas da varanda que eram de aroeiras, para pilares de tijolo, acrescentando mais quartos em seu interior e demolindo o local da tacaniça para acrescentar mais compartimentos.
Nesse casarão, eu vivi, dias de marcantes alegrias, semeadas com saudades, formando, assim, um diadema de lembranças eternas, tela onde se acha pintada com tintas fortes e mãos hábeis as figuras para mim intocáveis, dos meus Tios paternos, Eduardo e Mundinha, na beleza de suas vidas simples, no amor pela família, no cuidado demasiado pelos seus sobrinhos que eles tiveram a felicidade de conhecê-los e amá-los. Eu sorvi deste amor. Eu bebi o néctar embriagante das suas benquerenças. Eu testemunhei embalado pelo perfume do mata-pasto a personalidade sublime desse casal, nas minhas vivências em seu lar na Fazenda Feijão.
A Fazenda Feijão é um pedaço da minha alma. Relicário das minhas recordações, as mais lembradas.Saudades armazenadas no sacrário imaculado de uma lágrima sentida.



Vista da Casa Grande após a reforma em maio de 1982. Foto tirada em 17 de julho de 1982. No segundo plano da foto, da direita para a esquerda de quem observa estão: Gilson e seu filho Márcio montados a cavalo e, também, Gilson, seu filho Márcio e seu sobrinho Bougival Filho sobre o paredão do bueiro que corta a estrada.



Foto tirada em julho de 1984. No primeiro plano da foto vemos a casa que pertenceu ao meu Tio avô paterno Rubens Pinheiro Landim, posteriormente ao meu irmão Luís Evandro Saraiva Landim e, atualmente, ao autor destas linhas. No segundo plano da foto vemos, da esquerda para a direita, a casa de meu Pai que hoje pertence ao autor destas linhas e o açude grande.




Foto tirada em julho de 1982. Essa casa foi construída pelo meu avô paterno, José Moreira Pinheiro Landim, em 1910. Nela, ele morou por muito tempo. Também foi nessa casa que meu Pai passou a sua infância e parte de sua adolescência. Hoje é herança de meu tio Adonias Pinheiro Landim. Na foto vemos, em primeiro plano, o meu filho Márcio José com idade de 4 (quatro) anos e, no segundo plano, de costas, a minha esposa Sandra e logo adiante, de chapéu, o meu pai Edilson.


Extrato das Escrituras de Compra e Venda da Fazenda Feijão



Comprador: Francisco Rodrigues Pinheiro Landim
Vendedor: Francisco Serafim de Assis e sua mulher Da. Antonia Cândida de Assis.
Título: Escritura Pública de compra e venda
Valor: Quinhentos mil réis 500$000
Data da venda: oito de outubro de 1890.
Histórico: Terra e benfeitorias que possuem no lugar denominado Feijão, na Freguesia de Pentecoste, Comarca de Canindé.
Vendedor: Francisco Serafim de Assis, fazendeiro e morador no Sitio Mulunguzinho, distrito e freguesia da Vila de Pacoti, Comarca de Baturité, na casa de residência do mesmo, foi feita escritura pelo Escrivão de Paz Francisco Xavier da Costa Nunes, da venda da Fazenda Feijão a Francisco Rodrigues Pinheiro Landim, fazendeiro e residente no Sítio Cebola desta freguesia, pela quantia de quinhentos mil réis nos seguintes termos: Francisco Serafim de Assis possuidor de terras e benfeitorias no lugar denominado Feijão, na Freguesia de Pentecoste, Comarca de Canindé, havidas por compra de diversas pessoas, por esta forma: setenta braças de terras de Joaquim Pereira da Graça e sua mulher; duzentas braças a Domingos da Costa e sua mulher; e mais uma parte de terras de João Francisco Gomes e sua mulher; ficando essas três partes reduzidas a uma só posse de terras, a extremar do lado de cima subindo pelo riacho feijão, de um e outro lado, com Elias; e pelo lado de baixo descendo pelo mesmo riacho, de um lado com Francisco Sabino e do outro com Antônio Monteiro Gondim, tendo ditas terras meia légua de cada lado do riacho – e assim extremadas e possuídas, as mencionadas terras vendem como de fato vendida bem de hoje para sempre com todas as benfeitorias nelas existentes como sejam, terras de criar, casas, cercados, açudes e todos os mais acessórios que nela existir, ao comprador Francisco Rodrigues Pinheiro Landim pela quantia de quinhentos mil réis.
Testemunhas: Antônio Dantas Pinheiro e José Mizael Dantas de Lima que assinam com os vendedores e compradores.
Vila do Pacoti, 09 de outubro de 1890.
Francisco Xavier da Costa Nunes – Escrivão de Paz
Livro 6, fls. 69 e 70.


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Fazenda Velha do Feijão, ribeira do Rio Canindé, e desta terra vendem duzentas braças pelo preço e quantia de cinqüenta mil réis 50$000 que recebemos do Sr. Francisco Serafim de Assis, que poderá apossar-se desde já destas duzentas braças de terra como suas ficarão sendo de hoje para sempre e para ele passaremos a presente que nós assinamos com as testemunhas abaixo assinadas.
Rio Formoso, 06 de fevereiro de 1852
Domingos da Costa Silva
Testemunha: José Roberto Gomes




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Comprador: Joaquim Pereira da Graça
Forma: setenta braças de terras sitas no feijão
Valor: cento e cinqüenta mil réis 150$000
Rio Formoso, 13 de agosto de 1859
Vendedor: Domingos da Costa Silva


Testemunhas: Guilherme José Correia e Domingos da Costa Brasil.




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Comprador: Francisco Serafim de Assis
Forma: setenta braças de terras no Riacho Feijão
Valor: cento e noventa e cinco mil réis 195$000
Boa Esperança, 12 de janeiro de 1866
Vendedor: Joaquim Pereira da GraçaTestemunhas: Manuel Luiz de Vasconcelos e Claudiano Salvino Leal.




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Comprador: Francisco Serafim de Assis
Forma: Uma parte de terras no lugar Feijão
Valor: duzentos mil réis 200$000
Vendedor: João Francisco Gomes, morador na Vila de Canindé.
Em 07 de dezembro de 1863.




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